O deputado Federal Luiz Argolo que obteve mais de 300 votos no
município de Cansanção nas eleições do dia 5 de outubro, poderá ter o
mandato cassado ainda esse mês. A Comissão de Ética da Câmara adiou para
o próximo dia 22 a votação do parecer do deputado Marcos Rogério
(PDT-RO), que propõe a cassação do mandato de Luiz Argôlo (SD-BA) por
quebra de decoro parlamentar. O adiamento foi motivado por um pedido de
vista coletivo dos deputados Sérgio Brito (PSD-BA) e Pastor Eurico
(PSB-PE).
Luiz Argôlo é investigado por denúncias de envolvimento com o doleiro
Alberto Youssef, preso na Operação Lava Jato, da Polícia Federal.
Trechos de conversas entre o deputado e o doleiro divulgados por jornais
e revistas apontam para a existência de negócios ilícitos envolvendo os
dois, como lavagem de dinheiro.
A defesa do deputado alegou à comissão que os recursos repassados a
Argôlo por Youssef eram referentes a uma transação de venda de um
terreno e que foi vítima de um vazamento seletivo.
“Houve evidente quebra de decoro. Todo ato atentatório à dignidade do
Parlamento é quebra de decoro. Agente público que pede dinheiro, não só
quebra o decoro como comete crime na esfera penal: corrupção passiva e
tráfico de influência. E a solicitação desses valores não tem conexão
com os argumentos apresentados pela defesa de que seria para a compra de
um terreno”, afirmou Rogério após a leitura do relatório.
O deputado disse que já esperava o pedido de vista, mas descarta a
hipótese de ser uma tentativa de derrubar seu parecer, que pede a
cassação de Argôlo. “O pedido de vista é regimental no sentido de
garantir a ampla defesa, o que não significa que quem pediu vista vá
apresentar um voto em separado e que este vá prevalecer”, afirmou. Para
que outro relatório seja aprovado, o meu tem que ser rejeitado”,
explicou.
Duas representações contra Argôlo por quebra de decoro parlamentar
foram analisadas pelo Conselho de Ética: uma apresentada pela Mesa
Diretora da Câmara após as investigações da Corregedoria da Casa e
outra, protocolada no conselho pelo PSOL.
Durante o processo, em audiência realizada pelo conselho no início de
setembro, Meire Poza, ex-contadora de Youssef, disse que ele e Argôlo
eram sócios e que, em uma das viagens a Brasília, o doleiro ficou
hospedado no apartamento do deputado. Meire revelou que o
parlamentar recebeu mais de R$ 1 milhão do doleiro.
No parecer, Marcos Rogério diz que as provas são “fortes” e que a
conclusão pela cassação por quebra de decoro foi inevitável. “É evidente
a procedência das representações formuladas pela Mesa Diretora e pelo
PSOL contra o representado. Suas relações com Alberto Youssef, longe de
serem apenas referentes à venda de um imóvel, envolvem tráfico de
influência e prática de negócios e pagamentos ilícitos, bem como,
possivelmente, de corrupção e lavagem de dinheiro.”